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É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar. É melhor tentar, ainda que em vão, do que sentar-se, fazendo nada até o final.
Eu prefiro na chuva caminhar, do que em dias frios em casa me esconder.
Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver.


Martin Luther King.

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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Feliz Aniversário...

Todos os anos era a mesma coisa, minha mãe ficava acordada esperando dar meia-noite só para ser a primeira a me dar os “Parabéns”. Diferente da Cinderela, após a meia-noite eu me tornava princesa.
Assim começavam todos os meus aniversários. E continuavam no mesmo ritmo até o findar do dia, como se aquele dia fosse feito só pra mim. Como se para compensar a ausência de presentes caros, meus outros mimos eram realizados por todos que me rodeavam. Muitas vezes reclamamos de ser irmão caçula, mas esse fato sempre traz suas vantagens no dia do seu aniversário.
Nunca tive realizado meu sonho de menina, que sempre foi igual ao da maioria das garotas (inocentes) da minha época: ter uma linda casa de boneca. Era um presente demasiado caro para uma doméstica que tinha que sustentar três filhos, com o mais velho tendo apenas 12 anos, e uma irmã mais nova pra cuidar também. No lugar da tão sonhada casa de boneca, vinha sempre algo mais singelo, mais simples, mais barato. Isso sempre abalava um pouco, mas enquanto durava a lembrança daquele dia, a casa de boneca era totalmente esquecida.
Mas então a gente cresce, passa pela famosa puberdade, a transição da infância para a adolescência, e algumas coisas perdem o brilho. Começamos a reclamar de sermos acordados em plena madrugada para um “simples” parabéns. Desejamos sempre o presente mais caro, e não conseguimos esconder nossa insatisfação quando não o ganhamos. Somos jovens, rebeldes. Mas nunca ingratos.
Nessa fase o sonho passa ser outro. A linda festa de 15 anos. O baile de debutante, o vestido mais lindo, um protótipo de noiva, o namorado dos sonhos e a festa que será sempre comparada com outras. A verdadeira noite dos sonhos.
Depois disso tudo que ansiamos é pelos próximos aniversários, alcançar a maioridade, conquistar a independência. Contamos os dias, as horas, os minutos. Avisamos a todos que o esperado dia está chegando. Se pudéssemos gritaríamos para o mundo inteiro: “Ei, amanhã será o MEU aniversário!” Ansiamos pelos presentes e, como prova de nossa imaturidade, até comparamos qual o mais caro e nunca o mais significativo.
Mas felizmente o tempo passa e a gente amadurece; passa da adolescência irresponsável para a tão esperada idade adulta. E quando chega nessa fase, tudo parece não ter mais graça. Os próximos aniversários não parecem tão promissores, a maioridade não é tão interessante quanto parecia e a chamada independência é apenas uma ilusão.
Começamos a nos lembrar dos tempos de criança: passar os dias sem responsabilidades e os aniversários cheios de mimo. E percebemos que não somos frustrados por não termos nossos sonhos infantis realizados, porque esses são apenas sonhos que temos de ter para sermos crianças de verdade; e que por serem sonhos infantis devem sempre ser o mais longe possível da realidade. Percebemos que os sonhos que realmente importa são os de hoje, quando nos tornamos homens e mulheres e, estes sim, nos frustram se não são realizados. São por estes que devemos realmente lutar.
Lembramo-nos da adolescência, em que a única obrigação era crescer. Quando ansiávamos cada dia por nos vermos livre das asas de nossos pais. Fazer o que der na telha, não dever satisfação. Essa é a sonhada vida adulta dos nossos adolescentes.
Mas quando nos tornamos maduros, sentimos falta de tudo que antes parecia não ter muita importância. Sentimos falta de correr para as asas dos pais e fugir dos problemas. Nos aniversários, não esperamos mais presentes, afinal, a maioria das pessoas já não sabem o que você quer ganhar (e nem se importam em perguntar) e certamente não acertariam nunca seu gosto. Esperamos apenas sermos acordados de madrugada, sentir o abraço forte daquela que um dia te gerou e ouvi-la dizer: “Sou a primeira”; ter seus mimos todos realizados apenas em um dia ao invés de ter o presente mais caro; fazer uma festa, dentro de nós, toda vez que o telefone tocar e ouvir seus queridos amigos e parentes mais chegados ligando para desejar mais um “Feliz Aniversário”.
Tudo isso começa a fazer falta quando entendemos que as coisas simples são as mais preciosas.
E quando tudo isso acaba, você começa a desejar nunca ter crescido. Quando as velas começam a não caber mais no bolo você começa a perceber que perdeu muitos aniversários por sentir-se frustrado com coisas tão insignificantes. Pensa que se pudesse voltar no tempo, daria mais valor ao abraço dado à meia-noite e às presenças dos amigos queridos, e não aos presentes escolhidos.
Enfim, começamos a perceber que o que realmente importa é ter sempre um amor e um amigo por perto, para comemorarmos juntos cada amanhecer.




Feliz Aniversário
Renata Dias Muricy
07/08/2008