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É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar. É melhor tentar, ainda que em vão, do que sentar-se, fazendo nada até o final.
Eu prefiro na chuva caminhar, do que em dias frios em casa me esconder.
Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver.


Martin Luther King.

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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Perdoar é esquecer?





Estive um tanto relutante em escrever sobre isto que agora estás linhas falarão, mais por individualismo barato de tornar minha vida um livro aberto do que por medo das lembranças.

Me surpreendo as vezes com a ação que as lembranças tem sobre mim, coisas que realmente acreditava fazer parte de um passado esquecido, parte de um página não virada, mas arrancada, e que de repente salta sobre meus ombros fazendo-o pesar, ou trazendo a noite sombria para os meus pensamentos em momentos de pleno dia a brilhar.

Tenho certeza que muita gente, se não todos. Melhor afirmo, todos sim, já sentiram uma imensa agonia, uma angustia estranha a lhe invadir em dados momentos que, à vista, pareciam-lhe o sorriso ter que surgir, ou seja, momentos em que tudo vai bem, não se tem causa, razão, circunstância nenhuma, aparente, para uma amolação ou repentina melancolia a transpor em sua face, mas assim o acontece.,
Isto, entre inúmeros outros motivos, pode ser causado por lembranças.

As lembranças, a memória, como é potente e imprevisível, ela pode armazenar dezenas de informações, pode ocultá-las em meio os milhares de dados, que nosso sistema, inconscientemente achou importante de guardar, ou nem o achou, simplesmente o guardou. E então como se tivesse controle individualizado do restante de nosso organismo que forma a nossa vida, trás a tona, como lhe der vontade, imagens, sensações, cores, frases, diálogos....

As vezes trabalha a nosso favor, trazendo coisas tão brilhantes e inefáveis, que nos perguntamos como podíamos tê-las esquecido ou um minuto de nossas vidas contrariá-las.

Em outros faz nos mal, de dentro para fora parece sermos apunhalados e como se mais ninguém pudesse ver, fato que realmente o é, temos a sensação mórbida de escorrer frio e penoso um líquido símbolo da dor e da morte, carmesim, eis más recordações.

O fato é que não se pode esquecer, afinal, somos dotados de capacidade de lembrança, ao estudar a memória descobrimos imensas e intrigantes façanhas que ela pode exercer, então o que é perdoar? Diferente da concepção que querem nos fazer acreditar, e nos fazem sentir-nos mal, pois é impossível assim fazer, é que perdoar é esquecer. Não isso não é verdade. Como posso eu, ser-humano, com todas as minhas inumeráveis limitações enfiar minha mão em minha cabeça, lá entre os neurônios e onde se formula a memória arrancar fatos ocorridos, situações vividas e deletá-las como um arquivo infectado no meu pc???

Deus é Deus, portanto nenhuma limitação a Ele há, e se assim o quiser, que esqueçamos de algo, isso como todas as outras coisas lhe são obviamente possíveis, jamais me atreveria a si quer pensar o contrário.
"Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido."
42:2

E também é verdade que algumas lembranças ficam presas em nossas mentes, bloqueadas como ação também inconsciente.

Mas pensando nos fatos sem o imprevisível tilintar do inconsciente bloqueio, ou da ação majestosa, demonstração da graça e misericórdia, além de poder incomparável do esquecimento concedido ou imputado por Deus. Não podemos fazer nada para esquecer. Então desta forma não o poderíamos fazer também: perdoar.

Pois bem Perdoar:

perdoar - Conjugar
(latim medieval perdonare)

1. Conceder perdão, absolver da pena. = absolver, amnistiar, desculpar, indultar
2. Isentar de dívida.
3. Aceitar, suportar, tolerar.
4. Poupar.

Eis acima a definição encontrada no dicionário, eis abaixo a definição que minha consciência e reflexão me gera:

Perdoar não é esquecer, perdoar é lembrar-se sem que aquilo faça lhe surgir um sentimento de ódio, de cobrança, de revolta. Perdoar é liberar tal pessoa da culpa. É dizer sem palavras que tudo bem. É saber que aquilo que aconteceu faz parte do passado, mas sem esquecer que existe um passado.

Deus sim, ao nos arrependermos, esquece das nossas falhas.

"Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro".Isaías 43:25

A expressão "mar do esquecimento" não está na bíblia, mas é mais ou menos isso mesmo que Deus nos agracia. Não é que Ele sendo Deus irá simplesmente ignorar que fizemos algo de errado em certa feita, é que nos dá a chance de recomeçar do zero, após o batismo somos novas criaturas, sem pecado algum, e quando nos arrependemos verdadeiramente, Deus nos dá a condição de voltar a este status, de puro. E Ele nunca nos acusará, nunca se lembrará do que já nos perdoou, está é uma condição única, divina.

Agora se tratando de nós seres humanos, temos ao exercitar o perdão o dever de buscar o esquecimento, assim como temos o dever de buscar sermos perfeitos, e ainda que de certo nesta terra não alcancemos tal perfeição, o tentaremos. Então perdoar é lembrar-se de forma que aquilo não mais crie uma barreira entre você e o feitor, também não é necessário que crie um vínculo, e é uma busca pelo esquecimento.

Talvez tenha ficado um tanto quanto confuso, mas se eu não quiser mais lembrar pois já perdoei, já é o que importa, ainda que me venha em certos momentos lembraças a mente.

Eu já perdoe, diante de Deus digo que não tenho nada contra ninguém, meu coração não guarda rancor, mágoa, ódio de absolutamente ninguém. Mas as minhas lembranças ainda me visitam, não me lançando contra as pessoas, mas me inferiorizando e me fazendo presa a um pensamento, que se passasse por aquilo novamente não suportaria.

Isso talvez seja o que acontece com você.
Não tenho ainda a tese para a cura. Mas sei de um médico dos médicos que nos pode tratar. Não quero ser hipócrita com quem ler, de dizer que isso não me é necessário, muito o é. Por isso buscarei a cada dia que o que se foi fique por lá, e ainda que flash de lembrança, que com certeza me virá, surjam, isto não mais me afetará.
Miyh Costa.

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